Eleitores que mantêm relação com cidade de origem podem decidir eleição, diz consultor
- Detalhes
- Categoria: Cidades
- Publicado: Sexta, 04 Setembro 2020 11:32
- Escrito por Redação
Muitos eleitores possuem ligação familiar com a sua cidade de origem e, apesar de residirem em outro lugar, continuam com o domicílio eleitoral nas pequenas cidades. Essa, dentre outras situações, fez com que 26 cidades do Piauí possuíssem mais eleitores do que habitantes nas Eleições 2020. O dado faz parte do levantamento divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), após encerramento do prazo em maio, pela Justiça Eleitoral, de alteração dos domicílios eleitorais. O consultor da CNM, Eduardo Stranz, acredita que, a depender da quantidade de eleitores, eles podem decidir a votação de uma cidade pequena nas eleições municipais.
Para chegar ao resultado, o CNM explica que "o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mantém em seu sítio uma base de dados com os números de eleitores atualizados". Assim, o CNM cruzou "o número com a população oficial, calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)". Dos 224 municípios piauienses, 26 municípios possuem mais eleitores do que habitantes; isso representa que 11,61% do total de municípios do Piauí possuem mais eleitores que moradores.
O consultor da CNM, Eduardo Stranz, explica uma das principais causas dessa diferença. "De acordo com especialistas que tratam desse tema, são vários os fenômenos, mas isso acontece, principalmente, porque a grande maioria das pessoas saem das suas pequenas cidades (no interior do Estado) para a capital ou região metropolitana. Elas saem do interior porque passaram em um concurso ou conseguiram emprego em Teresina, por exemplo".
"O TSE permite que o morador de uma cidade escolha o seu domicílio eleitoral. Então, muitas pessoas optam por ter o domicílio eleitoral no local onde se criou, que tem relações familiares, e não troca esse domicílio porque passou a morar em ouro local".
Além disso, o consultor do CNM ressalta que a política nas pequenas cidades está, muitas vezes, ligada a laços familiares. "As famílias tem alguém que é secretário no município, que é vereador, prefeito, e acaba existindo essa ligação (com o votar em alguém que é da família). A pessoa vive nas grandes cidades, mas tem interesse em participar da vida política da cidade pequena", diz Stranz.
"Esses eleitores não vivem no lugar do seu domicílio eleitoral, mas de alguma forma interfere na eleição. Em alguns casos, eles não mudam o domicílio eleitoral porque querem ter essa oportunidade de viajar e rever os familiares. É muito mais uma vontade pessoal do que necessariamente uma questão de interferência na eleição".
Gestão Municipal
Eduardo Stranz também chama a atenção para a questão da gestão da cidade. O voto, afinal, é um compromisso com a cidade, com o desejo de melhorias em diversos aspectos, como transporte coletivo, iluminação pública, coleta de lixo, semáforos e ruas sem buracos, por exemplo.
"A pessoa quer ter iluminação pública, coleta de lixo, ruas sem buracos, mas devido a relação pessoal com o local em que nasceu, vota naquela cidade. O voto também é uma questão de cidadania".
Stranz ressalta que o "ideal seria a pessoa votar no local em que ela vive porque é onde vive 24 horas do dia, mas não está errado em preferir votar em seu local de origem. É uma questão pessoal e comportamental".
Coronavírus
Por conta da pandemia, Eduardo Stranz acredita que muitos moradores podem optar por justificar o voto a ter que se deslocar para votar nas pequenas cidades. A data das eleições municipais 2020 foram remarcadas para novembro. Até lá, o cenário ainda é incerto já que não existe, até o momento, vacina para a Covid-19
"Vai ser complicado. O processo de votação é um grande risco porque tem muitas pessoas envolvidas. É um risco iminente , não podemos descartar que pode ser um fator de propagação do vírus. Acredito que muitos não irem para as suas cidades e irão se abster de votar nesse ano".