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Juiz arquiva inquérito da morte de Firmino Filho e libera depoimentos



O juiz da Central de Inquéritos de Teresina, Valdemir Ferreira Santos, determinou o arquivamento do inquérito que investigou a morte do ex-prefeito de Teresina, Firmino Filho. 

No dia 6 de abril deste ano, Firmino Filho foi encontrado morto em frente ao edifício Manhattan River Center, na zona Leste de Teresina. Ele caiu do 14º andar, onde funciona o Tribunal de Contas da União (TCU), local que trabalhava como auditor de controle externo do Tribunal.

De acordo com o magistrado, o arquivamento se deve em razão da ausência de tipicidade penal.

O inquérito, presidido pelo delegado Divanilson Sena, estava sob sigilo e a população não tinha acesso ao processo. A viúva de Firmino Filho, a deputada estadual, Lucy Soares, não concordou com a decisão e pediu a quebra do sigilo. 

No processo, há depoimentos de pessoas que tiveram contato com o ex-prefeito antes de sua morte. Um dos mais importantes é de uma funcionária do TCU (Tribunal de Contas da União) que relatou que Firmino Filho pediu licença médica e que estava com depressão. 

Leia trechos de depoimentos: 

“Consta importante depoimento da atual chefe de Firmino Filho, que reside em Brasília-DF, ANA LÚCIA EPAMINONDAS no qual depôs que FIRMINO relatou a dificuldade de retorno ao trabalho e confessou que estaria em depressão, fazendo uso de medicamentos que atrapalham sua memória, não conseguindo realizar as atividades de forma satisfatória. Em determinado momento da conversa, a vítima diz que retornou ao trabalho por indicação médica para ocupar a mente com outras atividades, mas que não estava conseguindo acompanhar e iria solicitar uma licença médica pois estava muito mal e enfatizou outras vezes que “estava mal”. O suicídio ocorreu três dias após a conversa. (fala de Ana Lúcia Epaminondas)

Depoimento do copeiro do TCU: 

“Por volta das 15h10, o depoente afirmou que foi até a salinha de reunião realizar a limpeza, tendo visto Firmino Filho em pé na varandinha da salinha de reunião. O ex-prefeito estava mexendo no celular, como se estivesse lendo algo. O depoente, ao ver a vítima, perguntou "posso entrar? Vou só limpar aqui, é rapidinho", tendo o ex-prefeito sorrido e dito "pode entrar". O depoente então limpou a mesa da salinha de reunião em pouco tempo, aproximadamente dois minutos. O depoente ainda indagou ao ex-prefeito, "olhando para o tempo?", e FIRMINO respondeu "só tomando um vento". O depoente não notou nada de diferente na vítima, pois não estava chorando, estava normal, sem qualquer alteração de humor. Nesse momento, o copeiro afirmou que não havia mais ninguém na salinha de reunião nem na varanda neste momento, que FIRMINO FILHO estava sozinho, o tempo todo olhando o celular. O funcionário afirmou que não achou estranho a vítima estar ali, pois muitos servidores vão à varanda, tirar fotos, e que jamais imaginou que o ex-prefeito iria se jogar. Até que, por volta das 15h40, estava no banheiro, quando escutou um grito de outra colega, tendo saído e perguntado "o que foi? o que foi"?", e ela  havia respondido, desesperada, "o Dr. FIRMINO caiu!". 

 

Depoimento de Lucy Soares, viúva de Firmino Filho;

“A depoente estava em sua residência, quando recebeu uma ligação de uma amiga que foi à sua casa dar a notícia do que havia acontecido com Firmino Filho, momento em que ficaram aguardando mais informações. Nesse momento, a depoente ligou para seu genro BRENO e para seus filhos BARBARA e BRUNO, pedindo que fossem à casa da depoente. No dia 06/04/2021, por volta das 8h10, FIRMINO, após ter dormido sozinho na casa de onde o casal planejava se mudar, apareceu no apartamento para o qual estavam se mudando para tomar café. FIRMINO já chegou ao apartamento arrumado para ir ao trabalho no TCU. Perguntada se havia constatado algo de anormal com FIRMINO, a depoente afirmou que, desde fevereiro deste ano, notou que a vítima estava muito triste, muito calada, olhando perdido para o tempo. Quando perguntava para o ex-prefeito o que ele tinha, ele apenas dizia que estava triste, momento em que a depoente tentava animá-lo. Acerca do motivo da tristeza, FIRMINO não dizia especificamente o motivo, mas a depoente acreditava ser a saída da prefeitura, após muito trabalho durante a pandemia, e a nova rotina de trabalho no TCU, bem como o agravamento da pandemia. 

Ainda, a depoente afirmou que não havia qualquer problema no casamento. Por fim, a viúva afirmou que tem certeza que a vítima cometeu suicídio, não havendo necessidade de analisar dados do celular e expor conteúdos de conversas privadas entre ela e seu ex-marido, e que não acredita que alguém tenha induzido, instigado ou auxiliado o prefeito a cometer suicídio”. 

Relato da filha de Firmino, Bárbara Silveira

“...relatou que soube da morte do pai na casa de seus pais por intermédio de uma amiga da mãe. Afirmou que não  notou qualquer comportamento anormal em seu pai. Declarou que não tinha nada a relatar sobre problemas familiares ou políticos de seu pai. Disse que não tinha conhecimento de que o seu sofrendo alguma ameaça ou pressão de alguém. Afirmou que não sabia de qualquer problema que afligia seu pai. Assegurou que não sabia que o seu pai sofria de depressão. Destacou que não sabe de qualquer possível motivo que poderia levar o seu pai a se matar. Afirmou que não tem dúvida de que foi suicídio. Disse que acredita que, por todas as circunstancias apresentadas, o seu pai se matou. Falou que seu pai não deixou qualquer mensagem ou carta para qualquer membro da família”. 

 

O inquérito detalha que que câmeras de segurança do edifício mostraram que Firmino Filho – no dia 6 de abril - chegou sozinho, saiu no horário do almoço e também retornou sozinho.

“Consta Laudo de Exame Pericial em Local de Crime, que, após detalhado estudo, não apontou a existência de outra pessoa ou mesmo de um embate físico travado pela vítima, periciando que a causa morte foi realmente suicídio, além de descrever a provável dinâmica do fato e momento que a vítima se arremessa contra o solo”, diz o inquérito. 

O laudo cadavérico concluiu morte causada por politraumatismo.

No dia da morte de Firmino, sete pessoas estavam no 14º andar, sede do TCU. Todos relatavam que o ex-prefeito cumprimentava as todos e ninguém tinha percebido qualquer alteração em seu comportamento. Uma das funcionárias relatou que Firmino contribuía com dinheiro para a compra dos lanches coletivos. Os objetos pessoais encontrados do ex-prefeito foram seu sapato e o aparelho celular. 

Leia trechos da funcionária do TCU, Ana Lúcia, contida no inquérito. Ela é de Brasília prestou depoimento por videoconferência. 



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