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Vacina de Oxford contra Covid-19 alcança até 90% de eficácia



A vacina contra a Covid-19 da Universidade de Oxford (Reino Unido) produzida em parceria com a farmacêutica AstraZeneca atingiu eficácia de até 90%, segundo análise dos resultados preliminares de ensaio clínico de fase 3.

O anúncio foi feito pelo laboratório nesta segunda-feira (23). Um comitê externo avaliou os dados, após serem confirmados 131 casos de Covid-19 em um universo de 23.272 participantes.

Os resultados ainda são parciais e não correspondem à conclusão do ensaio clínico, mas a análise interina, feita quando há um número suficiente de casos da doença em um dos braços do estudo -de intervenção ou que recebeu placebo-, apontou uma eficácia elevada da vacina em proteger contra a Covid-19.

Os participantes foram divididos em dois grupos que receberam dosagens diferentes. No primeiro grupo, foi aplicada uma dose inicial mais baixa do imunizante (correspondendo à metade da dose total), seguida por uma segunda dose completa 30 dias depois. Nestes participantes, a eficácia atingida foi de quase 90%.

O segundo grupo recebeu as duas doses completas, com 30 dias de diferença, e a eficácia encontrada foi de apenas 62%. No agregado dos dados dos dois estudos, a eficácia média da vacina foi de 70%.

Com os dados em mãos, os avaliadores afirmaram que a vacina atingiu o seu desfecho inicial primário, que era proteger contra a doença causada pelo novo coronavírus após 14 dias ou mais da aplicação da dose reforço.

Além dos dados sobre eficácia, nenhum efeito adverso sério foi reportado, apontando para uma boa segurança e tolerância da vacina. Também não foram reportadas hospitalizações ou quadros graves da doença entre os pacientes imunizados.

"A eficácia e a segurança desta vacina confirmam que ela será altamente eficaz contra a Covid-19 e terá um impacto imediato na emergência de saúde pública", disse em comunicado Pascal Soriot, presidente da AstraZeneca.

Na última quinta-feira (19), foram publicados resultados da fase combinada 2/3 de ensaio clínico, conduzidas no Reino Unido, na revista científica The Lancet, indicando que a vacina tem uma boa capacidade de gerar resposta imune, inclusive em adultos com mais de 70 anos.

Os dados mais recentes da vacina da Oxford indicam uma eficácia menor que a de outras vacinas concorrentes. Não há informações também, ainda, se a vacina previne a infecção do Sars-CoV-2, ou só protege contra o desenvolvimento da doença.

A AstraZeneca anunciou que irá entrar com o pedido de aprovação emergencial ou condicional para as agências regulatórias em todos os países onde desenvolve seus testes clínicos imediatamente. A farmacêutica deve ainda buscar um pedido de uso emergencial pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visando acelerar os trâmites para disponibilizar a vacina em países de baixa renda.

A farmacêutica disse também que os resultados completos da análise interina serão submetidos para uma revista científica em breve.

No Brasil, o Ministério da Saúde firmou parceria com a farmacêutica para produzir no país, por meio de um acordo de transferência de tecnologia para a Fiocruz, até 100 milhões de doses do imunizante. As primeiras 15 milhões de doses são esperadas para chegar até o final de 2020, e o restante, até o primeiro semestre do ano que vem.

Os ensaios clínicos de terceira fase no país recebem apoio financeiro da Fundação Lemann. A totalidade dos testes realizados no Brasil recebeu também apoio da Rede D'Or, da Fundação Brava e da Fundação Telles.

A vacina, cujo armazenamento pode ser realizado em refrigeradores comuns (temperaturas entre 2? e 9?C), tem ainda a vantagem de baixo preço: cada dose deve ser vendida ao valor de 3 dólares (ou R$16,32). "Está é uma ótima notícia. É um marco de como a colaboração entre diferentes setores -governo, setor privado, academia e terceiro setor- pode fazer a diferença", disse Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann.

OUTRAS VACINAS NA CORRIDA ?CONTRA COVID-19

No último domingo (22), o Ministério da Saúde informou que deve assinar cartas de intenção com pelo menos outros cinco laboratórios para compra de vacinas: Pfizer, Janssen (braço farmacêutico da Johnshon & Johnson), Bharat Biotech, Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês) e Moderna.

Destas, pelo menos três já divulgaram seus resultados, parciais ou totais, de fase 3.

Na quarta (18), a Pfizer, que tem sede nos Estados Unidos, anunciou que a vacina contra a Covid-19 que desenvolve em parceria com a empresa alemã BioNTech tem eficácia de 95%, de acordo com resultados concluídos da fase 3.

A empresa norte-americana de biotecnologia Moderna, que desenvolve uma vacina em parceria com o governo dos Estados Unidos, divulgou também seus resultados preliminares, com eficácia de 94,5% em sua vacina de mRNA.

Já o governo russo, através do RDIF, divulgou que a vacina Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya (Rússia), possui eficácia de 92%. O governo russo, no entanto, não apresentou dados sobre a sua análise interina, diferentemente do que fizeram a Oxford e a Moderna.

A publicação dos resultados finais da Pfizer deve ser aguardada para as próximas semanas. Até o momento, nenhuma dessas vacinas teve ainda os dados de fase 3 publicados por revistas científicas. Via de regra, a comunidade científica internacional aceita os resultados após uma publicação do tipo, pois permite que os dados sejam revisados e contestados por outros pesquisadores especialistas no assunto.

Segundo a OMS, mais de 200 vacinas estão em testes no mundo todo -48 delas já estavam em uma das fases de testes em humanos até o dia 12 de novembro, última atualização da agência disponível.

 

Fonte: Folhapress



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