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Crime de ódio levou ao envenenamento de família em Parnaíba, diz delegado em coletiva

Polícia descobre material Nazista na casa de padrasto suspeito de envenenar família no Piauí

O delegado Abimael Silva, da Delegacia de Homicídios de Parnaíba, informou durante coletiva na manhã de hoje (8), que a motivação dos envenenamentos da família foi feminicídio, crime de ódio. O padrasto Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso suspeito de envenenar as oito pessoas durante almoço no dia 1º de janeiro. 

“Os indícios convergiram para a Polícia acreditar que foi seu Francisco que praticou esse crime bárbaro. Há contradições em seu depoimento e ele tinha um sentimento de ódio por Francisca Maria da Silva, mãe das crianças e que também morreu envenenada”, disse o delegado. 

Segundo Abimael Silva, Francisco de Assis tinha uma relação tumultuada que a enteada (Francisca Maria, mãe das crianças), e com os moradores da casa. Onze pessoas moravam na casa.

Polícia descobre material Nazista na casa de padrasto suspeito de envenenar família no Piauí.

Durante as investigações, a polícia descobriu que Francisco possuía um baú trancado e que ele carregava preso ao pescoço com uma chave, além de uma casa onde somente ele tinha acesso.

"Ele tinha um baú ao lado do fogão, trancado com cadeado. Ninguém tinha acesso. Era o único lugar da casa onde poderia esconder algo sem ser descoberto. Ele usava um colar com chave para impedir que alguém tivesse acesso a esse baú, ele próprio relatou isso", relatou o delegado.

Nos dois locais investigados, as equipes encontraram materiais relacionados ao Nazismo, Racismo, e outros temas. "Encontramos três livros e material tanto físico quanto digital sobre o Nazismo. A perícia já fez a coleta, há material escrito que será analisado para entendermos a motivação e a personalidade do suspeito. Estamos lidando com um comportamento psicopático criminoso, mas ele afirma não ser nazista", destacou o delegado Willames Pinheiro.

O delegado Abimael relatou que Francisco alegou ser apenas um interessado no assunto. Apesar da apreensão do material, ainda não há uma conexão direta com o crime. "Não estamos fazendo nenhuma associação por enquanto, mas apreendemos o material para investigar. Pode ser apenas curiosidade ou um entusiasta do tema", completou.

“A única motivação do crime foi raivoso, torpe”, disse o delegado informando que o padrasto tinha “nojo” e “raiva” de Francisca Maria e que ele acreditava que ela era uma “criatura de mente vazia”.

“Ele revelou, bem com as filhas de dona Francisca, que eles tinham um relacionamento muito conturbado, pra se dizer o mínimo, ele não falava com nenhum dos enteados e tinha um sentimento de ódio específico a dona Francisca”, disse. 

O delegado informou que Francisco de Assis tinha um baú fechado no cadeado com material sobre o nazismo. 

Outra prova contra o padrasto foi a confirmação de que ele orientou a requentar o arroz e teve acesso a panela. Na sua versão ele nega. Segundo o delegado, o preso prestou vários depoimentos contraditórios. 

De acordo com o delegado, o padrasto tinha desprezos pelos enteados e atribuía a eles como “preguiçosos” e “sem higiene”. 

Abimael Silva revelou que o padrasto vai responder por dois feminicídios, dois homicídios qualificados e quatro tentativas de homicídios. 

Morreram Francisca Maria da Silva, 32, seus filhos Igno Davi da Silva, 1, e Lauane da Silva, 3, e seu irmão, Manoel Leandro da Silva, 18. Permanece internada na UTI pediátrica do Hospital de Urgência de Teresina (UTI) uma menina de 4 anos, também filha de Francisca, e as outras três pessoas envolvidas são vizinhas da família.

Em agosto do ano passado, a família viveu a mesma tragédia. Dois filhos de Francisca foram mortos envenenados. Uma vizinha foi presa suspeita de praticar a intoxicação. A polícia não está fazendo relação entre os casos.

 

Veja, abaixo, quem ingeriu o alimento:

  • Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisco de Assis) - morto;
  • Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (filho de Francisca Maria) - morto;
  • Lauane da Silva, de 3 anos (filha de Francisca Maria e irmã de Igno Davi) - morta;
  • Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Lauane e Igno Davi e irmã de Manoel) - morta;
  • Uma menina de quatro anos (filha de Francisca Maria e irmã de Lauane e Igno Davi) - internada em Teresina;
  • Uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel) - recebeu alta;
  • Maria Jocilene da Silva, de 32 anos (vizinha) - recebeu alta;
  • Um menino de 11 anos (filho de Maria Jocilene) - recebeu alta.