A CBF emitiu um comunicado oficial após a polêmica sobre o veto a cabelo rosa na seleção brasileira.
A entidade afirmou que tem compromisso com a pluralidade e o direito à autoexpressão. A nota ressaltou que colaboradores e atletas convocados são livres sobre aparência, credo, orientação sexual e expressão de gênero. "O desempenho fala por si só", frisou.
A CBF também destacou que a luta contra preconceitos no futebol é uma prioridade e que busca tornar o futebol mais inclusivo. A entidade tem parceria com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol e do coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+.
O comunicado foi emitido após o UOL ter publicado que a entidade pediu para que Yan Couto não jogasse com o cabelo rosa. Além disso, o UOL detalhou a lista de orientações passada pela direção.
Cabelo rosa e outros pedidos
Yan Couto afirmou que a CBF pediu para ele tirar a cor rosa de seu cabelo em jogos da seleção brasileira. A declaração foi dada em entrevista à colunista do UOL Yara Fantoni antes dos compromissos da última Data Fifa. Ele não detalhou se foi um pedido da entidade ou de algum integrante específico.
"Foi um pedido, basicamente. Falaram que o rosa é meio 'vacilão' assim. Eu não acho, mas vou respeitar, né. Me pediram, vou fazer", disse o jogador.
O lateral de 22 anos acatou e se apresentou à seleção na última semana sem o rosa. Com o cabelo cortado rente à cabeça, ele foi titular na vitória por 3 a 2 sobre o México e ficou no banco no empate por 1 a 1 com os EUA.
O lateral direito do Girona já atuou pela seleção com o cabelo tingido de rosa. Ele estreou com a amarelinha em outubro do ano passado, nos jogos das Eliminatórias contra Venezuela e Uruguai, e manteve o visual. Segundo contou, o rosa virou tendência na cidade espanhola.
Yan também mudou o cabelo para os amistoso do Brasil em março. Ele usava o rosa até duas semanas antes dos jogos contra Inglaterra e Espanha e depois retomou o estilo cerca de um mês depois, na reta final do Espanhol.
Em entrevista coletiva concedida no dia 4 de junho, Yan foi questionado sobre o tema e não falou sobre o veto.
"Estava jogando com o cabelo rosa a temporada toda. Na verdade, foi uma escolha minha, estava dando certo, foi legal, foi maneiro. Mas foi uma coisa mais para o Girona, muita gente lá pintou o cabelo, foi meio que moda. Aqui na seleção, o ciclo encerrou. Sou o Yan de cabelo preto, não muda nada, continua sendo o mesmo. Vou tentar fazer uma Copa América para ajudar a seleção, disse".
Após a publicação da matéria com a declaração de Yan Couto ao UOL, a CBF entrou em contato com a reportagem para negar o veto ao cabelo colorido. A entidade afirma que há conversas sobre responsabilidade com a imagem dos atletas na seleção em temas como horário, alimentação e postura nas folgas, mas não confirma conversa sobre cor de cabelo com qualquer um jogador.
Lista de orientações
- Tomar o cuidado de passar uma imagem de seriedade.
- Evitar utilizar brincos chamativos.
- Não utilizar colares extravagantes.
- Utilizar as redes sociais de forma sóbria e com discrição, sem brincadeirinhas.
- Utilização do celular na mesa de jantar apenas após terminar a refeição.
- Evitar chegar ao estádio com fones ou ouvindo música alta.
- Evitar que os atletas apareçam em vídeos oficiais ouvindo música e brincando no vestiário.
- Se atentar e respeitar os horários.
- Não atrasar a saída do ônibus.
- Não comer nada fora do plano nutricional no quarto.
O cabelo 'platinado' não faz parte da lista de restrições da CBF. Alguns jogadores se apresentaram com o cabelo dessa forma e não foram advertidos. A nova direção da CBF se reuniu com os jogadores na última Data Fifa, na Europa, e alinhou algumas orientações a serem seguidas a partir de então na seleção brasileira.
A reunião que definiu as orientações teve a presença de diretores, comissão técnica e jogadores convocados. Não há uma cartilha física com proibições escritas, mas sim orientações claras do que deve ser evitado a partir de agora.
A intenção é 'limpar a imagem' da seleção brasileira e trazer mais seriedade. Alguns itens da lista são vistos como uma forma de evitar uma imagem negativa e que possa se voltar contra os próprios atletas em caso de resultados negativos em campo.
As definições foram discutidas com os jogadores e não impostas. Na reunião, houve oportunidade de falar e pontuar mais aspectos, sendo que alguns deles que estão na lista final partiram dos próprios jogadores.
Fonte: (Uol/Folhapress)