Em alta nas últimas cinco semanas, os números de casos de dengue devem crescer ainda mais nos próximos dois meses, o alerta é da Secretaria de Saúde do Piauí.
Segundo Ocimar de Alencar, supervisor de entemologia da Sesapi, os meses de abril e maio devem reunir as condições climáticas, mas favoráveis para o avanço da dengue no Estado.
"Umidade e temperatura são os fatores que mais favorecem o ciclo de vida do mosquito. E nos próximos meses a temperatura deve ficar ainda mais elevada com o recuo das chuvas, mas condições de umidade ainda devem permanecer ideais para a reprodução do vetor", explicou o gerente.
O supervisor explica que a explosão no número de casos de dengue este ano já era algo esperado pela Sesapi.
"O crescimento do número de casos já era esperado, mas não era desejado. Existem quatro tipos virais de dengue. Até o ano passado, os tipos 1 e 2 circulavam no Piauí, e em outros estados da federação, mas esse ano já tivemos notícias de casos do tipo 3 circulando no país. Os exames feitos aqui ainda não apontaram casos do tipo 3 no Piauí, mas a nossa experiência diz que esse tipo já está presente aqui", explicou.
A mudança na tipologia viral circulando no país faz com que pessoas que já foram contaminadas pelos tipos 1 e 2 possam voltar a sofrer com a doença, quando em contato com o vírus da dengue tipo 3 e 4.
"Quando uma pessoa tem a dengue tipo 1 ou 2 ela fica, automaticamente, imunizada contra esses dois tipos virais. Mas quando se trata da circulação dos tipos 3 e 4 o paciente pode ser contaminado e a desenvolver a doença novamente", explica.
Além da inserção de um novo tipo de vírus no estado, outro problema chama atenção das autoridades em saúde, a recidiva da doença, que pode fazer com que o paciente desenvolva um quadro grave da dengue.
"Quando uma pessoa é contaminada mais de uma vez pelo vírus da dengue, aumentam as chances dela desenvolver o tipo mais grave da doença", disse.
Os quadros mais graves da doença costumam acometer pessoas com a saúde mais sensível, seja por comorbidades, seja por um quadro de imunossupressão momentânea.
Rotina de limpeza deve ser realizada a cada quatro dias
A saída para reduzir o número de casos é uma só: eliminar os focos de procriação do mosquito aedes aegypti.
Ocimar de Alencar alerta que a rotina de vigilância e limpeza nos imóveis deve ser realizada a cada quatro dias.
"A limpeza dentro e fora de casa deve ser realizada a cada quatro dias, porque o ciclo reprodutivo do mosquito gira em torno de sete dias. Então a limpeza de vasilhames de água, de vasos, dos comedores de animais e outros potes que acumulam água dentro de casa devem ser realizados com mais frequência", explica.
O supervisor explica que dentro de casa existem alguns locais que costumam ser esquecidos, são eles o recipiente de evaporação da geladeira, que fica localizado atrás do eletrodoméstico e recebe a água resultado do desgelo do equipamento.
Outro equipamento que pode trazer perigo é o climatizador, equipamento cada dia mais comum nas residências, restaurantes e academias.
"Já tivemos relatos de agentes de endemias de que foram encontradas larvas do mosquito aedes aegypti dentro dos recipientes de água do circulador de ar', explicou.
A orientação de limpeza vai além de descartar a água acumulada. É preciso lavar os recipientes para que haja a eliminação dos ovos do mosquito.
"Os ovos do mosquito podem sobreviver até 400 dias, à espera de água e de condições ambientais favoráveis para eclodir e da origem a novos mosquitos. Então, além de eliminar a água, é preciso utilizar bucha e sabão para remover, totalmente, os ovos do mosquito e garantir que o ciclo de reprodução seja encerrado", enfatizou.
Número de casos de dengue no Piauí
Em 2023 foram registrados 7.585 casos da doença e quatro óbitos em todo o Piauí. Nos três primeiros meses deste ano, já foram notificados mais de 4 mil casos. Dois pacientes já morreram em virtude da dengue no estado.
Desde a primeira semana de janeiro é possível observar o crescimento do número de caso. Em meados de fevereiro essa alta do número de casos da doença do Piauí ficou mais evidente.
Confira os números
Os números de fevereiro impressionam. No ano passado foram registrados 892 casos da doença, já esse ano o número de casos saltou para 2.279, um crescimento superior a 250% no número de casos, no mesmo período.Os números de março também já apontam para um crescimento significativo. O mês não acabou, mas já registrou mais de 500 casos a mais que o mesmo período do ano passado.