Um trabalho de iniciação científica desenvolvido na Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), no litoral do estado, resultou na descoberta de um novo fungo, Lichtheimia piauienses, em território piauiense. Existem apenas sete espécies no gênero Lichtheimia registradas cientificamente no mundo, sendo três consideradas patógenas a seres humanos.
O trabalho foi publicado na revista científica da área Mycological Progress no final de 2023 pelo egresso do curso de Ciências Biológicas, Mateus Oliveira da Cruz, orientado pela professora do curso de Ciências Biológicas da UFDPar Maria Helena Alves, doutora em Micologia.
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A pesquisa que resultou na descoberta foi iniciada ainda em 2018, onde se estudava o desenvolvimento de fungos em excrementos de animais. Foi então que os pesquisadores identificaram que os esporos do novo fungo eram diferentes dos esporos das outras espécies de Lichtheimia. Foi necessária a realização de parcerias com outras instituições, como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Chonnam National University da Coreia do Sul, para análise molecular e filogenética essencial a fim de confirmar a hipótese sobre ser uma nova espécie.
"Nós achamos esse fungo que se desenvolveu nas fezes de coelho. Esse fungo pertence ao gênero Lichtheimia, que atualmente possui oito espécies descritas, já contando com a espécie que nós descrevemos. Quando a gente encontrou esse fungo, a primeira característica que fez com que pensássemos que era uma nova espécie foram os esporos desse fungo, que apresentavam esporos diferentes das outras espécies desse gênero. Então, a gente procurou parcerias para poder fazer análise molecular filogenética desse fungo, para realmente detectar, confirmar que era uma nova espécie. E assim foi feito, nós fizemos análise molecular com parcerias com a Universidade Federal de Pernambuco, também a Universidade da Coreia, e assim publicamos essa nova espécie", disse o estudante Mateus Oliveira.
Quanto ao potencial de causar doenças a humanos, os cientistas revelaram que não se pode descartar o potencial patogênico, sendo necessário aprofundar a pesquisa.
"Não foram realizados todos os testes necessários, mas também não se pode descartar essa possibilidade, devido a espécies próximas apresentarem potencial patogênico, sendo necessárias futuras pesquisas sobre a patogenicidade e virulência, para responder essa questão”, comentou Mateus Oliveira.
A professora Maria Helena considerou a descoberta importantíssima para a comunidade que estuda fungos no mundo, no Brasil e principalmente no Piauí.
“A comunidade de fungos do Piauí é uma das comunidades menos conhecidas no Brasil. Essa descoberta demonstra que no Piauí há grandes perspectivas no contexto de espécies que ainda não foram catalogadas para o estado, como novas espécies que ainda não foram descritas e publicadas para a ciência”.
Da Redação