Dentre as viagens feitas pela equipe da TV Cidade Verde pelo Piauí para mostrar exemplos de ações e projetos sustentáveis no especial Viva Piauí, uma é particularmente especial. A repórter Najla Fernandes foi contar ações no litoral do Piauí, que tem uma das suas principais características o fato de ser preservado e abrigar uma rica biodiversidade na fauna e na flora. (Assista à reportagem completa no final do texto)
Uma das áreas de maior beleza natural do nosso estado é o Delta do Parnaíba, que se forma com o deságüe do Rio Parnaíba no Oceano Atlântico, formando cinco braços que se abrem e formam 73 ilhas fluviais.
É no encontro da água doce do Velho Monge com a água salgada do mar, na divisa do Piauí com o Maranhão, que jacarés, macacos, capivaras, diversas espécies de aves, dentre outros, vivem em equilíbrio no ambiente de beleza incomparável.
O ICMBio monitora a preservação da Área de Proteção Ambiental (APA) do Delta do Parnaíba. A APA é uma unidade de conservação que abrange a parte dos estados do Maranhão, Piauí e Ceará e abarca dez municípios.
Dentre as características que marcam a região, que é um reconhecido ponto turístico, e local onde vivem diversas famílias que sobrevivem do bioma, estão o contraste do verde dos mangues com o branco da areia fina, presente no Morro Branco, no lado piauiense, e no Morro do Meio, do lado maranhense. Outro espetáculo presente no nosso Delta é a revoada dos guarás. As aves são marcantes pela sua coloração vermelha, oriunda dos frutos da sua alimentação. Depois de passarem o dia se alimentando nas diferentes ilhas, é na Ilha dos Guarás que elas descansam até o dia seguinte, quando repetem o mesmo processo. Elas costumam chegar entre 17h30 e 18h, quando formam no céu um verdadeiro espetáculo natural.
No entanto, problemas ambientais existem e contam com a ação de ambientalistas para diminuir os impactos deles sobre os ecossistemas. Um deles é o desmatamento dos manguezais na Ilha das Canárias, que fica no lado maranhense do Delta. Por lá, em algumas áreas é possível ver a degradação ambiental com a ausência dos mangues. Parte desse problema é originado por conta da ação humana e também da ação natural.
Segundo Matheus Silva, que é biólogo e agente do Instituto Chico Mendes da Conservação (ICMBio), o manguezal é um ecossistema que alerta para os impactos das mudanças climáticas, e indica a elevação do mar nas faixas litorâneas.
“Nós estamos no ecossistema manguezal e ele é de grande importância porque é um dos alertas dos impactos das mudanças climáticas, uma vez que vai indicar a elevação do mar para as zonas costeiras, e é importante também por conta da grande quantidade de serviços ecossistêmicos das quais ele dispõe”,disse.
Um dos projetos que busca fazer o combate ao desmatamento dos manguezais é Verde Viva Mangue. Um grupo de voluntários faz ação de replantio de mudas, que levam entre 15 e 20 anos para atingir a fase adulta. Rosângela dos Santos, coordenadora do projeto, explicou como funciona o processo.
“Para a gente fazer essas mudas, a gente faz uma coleta da semente do mangue vermelho, e a semente é tipo assim uma canetinha que a gente chama de ‘propágulos’. Então a gente faz todo o preparo, coloca através da lama, um pouco de areia e também extratos, e a gente coloca num saquinho, e isso a gente planta o propágulo no saquinho, daqui a gente traz para o viveiro, onde vão crescer e desenvolver”, citou.