O papa Francisco deixou aparentemente aberta a possibilidade de padres darem bênçãos a casais do mesmo sexo, desde que limitadas, decididas caso a caso e que não sejam confundidas com cerimônias de casamento de casais heterossexuais.
Francisco deu a opinião em resposta a cinco cardeais conservadores da Ásia, Europa, África, Estados Unidos e América Latina. A chamada "dubia" foi respondida nesta segunda-feira (2) e contém uma série de perguntas sobre temas variados.
Uma das perguntas tratava especificamente do casamento de pessoas do mesmo sexo, que se tornou comum em países como a Alemanha, com padres abençoando casais gays comprometidos em um relacionamento. As respostas cheias de nuances de Francisco diferem da proibição explícita do gabinete doutrinal do Vaticano, em 2021. Na resposta, o papa afirmou que a Igreja é muito clara em relação ao sacramento do matrimônio, que deveria ocorrer apenas entre um homem e uma mulher, aberto à procriação. Disse ainda que a Igreja deveria evitar qualquer outro ritual que contrarie esse ensinamento.
Segundo ele, algumas vezes os pedidos de bênção são a forma de as pessoas se aproximarem de Deus e viver vidas melhores, mesmo que alguns atos sejam "objetivamente moralmente inaceitáveis".
A Igreja ensina que ter atração por pessoas do mesmo sexo não é pecado, mas engajar-se em atos homossexuais, sim.
De acordo com Francisco, quaisquer eventuais bênçãos não devem se tornar a norma ou obter aprovação explícita das jurisdições da Igreja, como dioceses e conferências nacionais de bispos. Francis DeBernardo, diretor executivo do New Ways Ministry, que promove a aproximação da Igreja com os católicos da comunidade LGBT, afirmou que, embora não sejam "um endosso pleno e sonoro" das bênçãos, as respostas foram bem-recebidas. Em comunicado, DeBernardo disse que as palavras do papa mostram "que a igreja reconhece de fato que o amor sagrado pode existir entre casais do mesmo sexo, e que o amor dessas pessoas espelha o de Deus".G1