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Travesti assassinada foi a 1ª a ter a carteira social no sistema prisional do estado

A travesti Samara Cibele Ferreira, 30 anos, que passou dois dias sem identificação no IML de Teresina, foi um marco para o respeito a identidade das trans e travesti no sistema prisional do estado. Sua história é cheia de contradições. Assassinada a tiros no meio da rua, ela foi encontrada sem documentos e foi preciso fazer uma busca ativa para localizar os familiares. Há cinco anos presa por assaltos e tráfico de drogas, Samara foi a primeira travesti a ter a carteira social em um presídio do Piauí.

Em 2018, quando entrou no sistema prisional ela não tinha qualquer documentação pessoal. Antes, passou por outras unidades prisionais sem ser respeitada a sua identidade de gênero. 

“Ela precisava de tratamento médico e não tinha nenhum documento. Uma ação da Defensoria junto com a penitenciária fez com que ela tirasse a primeira carteira social no presídio feminino e então ela pôde receber a medicação  e fazer seu tratamento”, lembra a assistente social Margareth Martins que na época ajudou na expedição da identidade social da Samara.

Margareth lembra que Samara era alegre e trabalhadora no presídio.

“Ela era danada, alegre, mas sempre respeitava a gente. Ela era usuária de droga e roubava para alimentar o vício”, disse Margareth.

A mãe de Samara contou ao Cidadeverde.com que passou dois anos e meio sem ter notícia dela. 

“Fizemos de tudo para ela sair dessa vida, levamos até no psicólogo. Ela chegou a estudar, fez até o 5º ano, mas desde novo começou a fazer coisa errada. A droga desviou ela e não conseguia trabalho e roubava para alimentar o vício”, disse a mãe que é de Caxias.

Samara foi identificada após várias ações envolvendo a assistência social do estado e a prefeitura de Caxias. 

“Fizemos busca ativa, pois nos informaram que ela era de Tanque do Piauí, União e conseguimos identifica que era de Caxias. Acionamos o movimento social da cidade e conseguimos localizar a mãe de Samara”, disse Joseane Borges, da Diretora de Promoção da Cidadania LGBTQIA+ da Superintendência de Direitos Humanos da Sasc. 

“A nossa luta é por Inclusão da população de travestis e transexuais em todas as áreas, para que não haja desigualdades e termos que presenciar infelizmente crimes como o da Samara Cibele que foi morta em Teresina esta semana. Iremos continuar lutando de forma incansável pela inserção da população trans em todos os espaços”, disse Joseane Borges. 

O Cidadeverde.com obteve informação que nos últimos anos ela conseguia liberdade, mas era presa por assaltos e tráfico. No dia dos Pais, Samara conseguiu benefício da saída temporária, não voltou e era considerada foragida quando foi morta.  

O crime

No último sábado, Samara Cibele foi assassinada com seis tiros na cabeça, no bairro Parque Alvorada, na zona Norte de Teresina.

A Polícia Militar informou que a vítima não estava com os documentos quando foi morta, e que ela estaria na companhia de outra pessoa quando os criminosos se aproximaram em uma motocicleta e efetuaram os disparos. O DHPP investiga o crime.  Cidadeverde.com