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'Foi preso injustamente', diz Bolsonaro sobre prisão de ex-ministro Milton Ribeiro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu em defesa de Milton Ribeiro e afirmou na noite deste domingo (26) que não há "mínimo indício" de que o ex-ministro da Educação tenha cometido crime.

Em entrevista ao programa 4 por 4, da Jovem Pan, Bolsonaro ignorou os dados levantados pela investigação da Polícia Federal, incluindo interceptações telefônicas, e repetiu o discurso do advogado do ex-ministro sobre um depósito de R$ 50 mil na conta da mulher de Ribeiro.

"O Ministério Público foi contra a prisão do Milton. Não tinha mínimo indício de corrupção por parte dele e no meu entender ele foi preso injustamente", afirmou.

O mandatário afirmou que a prisão serviu para criar "narrativas para desgastar o governo".

Ele ignorou os áudios captados por interceptação telefônica em que o ex-ministro afirma que Bolsonaro o ligou para afirmar que estava com "pressentimento" de que ocorreria uma operação contra ele.

Em março, quando surgiram os primeiros indícios contra Ribeiro, Bolsonaro chegou a dizer que colocaria a "cara no fogo" por Ribeiro em meio às suspeitas no Ministério da Educação. Na última quarta-feira, logo após a prisão, buscou se descolar do antigo aliado, dizendo que "ele que responda pelos atos dele".

No dia seguinte, no entanto, saiu em defesa de Ribeiro e criticou o juiz que decretou a prisão, Renato Borelli. O mandatário deu a entender que o magistrado seria contrário ao governo porque foi o mesmo que mandou, em meio à pandemia da Covid-19, o chefe do Executivo ser multado a cada vez que fosse visto sem máscara em local público.

"Aí você vai ver o processo –me passaram, eu não vi –o Ministério Público Federal lá em Brasília foi contra a prisão. Geralmente o juiz segue isso daí. Por que foi contra: porque não tinha indício de prova", disse.

Ribeiro foi preso na última quarta em uma operação da Polícia Federal por suspeita de operar um balcão de negócios no Ministério da Educação e na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, ambos ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), também foram detidos. Além disso, agentes da PF estiveram na sede do MEC, em Brasília, para cumprir diligências.

Com base em documentos, depoimentos e um relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) foram mapeados indícios de crimes na liberação de verbas do FNDE. Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.

No mandado de prisão de Ribeiro, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal em Brasília, listou os crimes investigados e que podem ter sido cometidos pelo ex-ministro. São eles: corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.

A revelação do caso teve início em março. Em áudio revelado pela Folha, o ex-ministro Milton Ribeiro disse que priorizava pedidos dos amigos de um dos pastores a pedido de Bolsonaro.

Na gravação, o então ministro dizia ainda que isso atendia a uma solicitação do presidente e mencionava pedidos de apoio que seriam supostamente direcionados para construção de igrejas.

Um dia após a prisão, o juiz federal de segunda instância Ney Bello, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), mandou soltar o do ex-ministro.

O magistrado deu a decisão após um juiz plantonista negar o mesmo pedido da defesa. O juiz integra a lista quádrupla enviada para o presidente Jair Bolsonaro (PL) indicar duas vagas de ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

 

Fonte: Folhapress (Matheus Teixeira)