A Polícia Civil, através da Delegacia Regional do município de Campo Maior, localizado na região Norte do Piauí, recebeu a denúncia de uma suposta ocultação de cadáver no loteamento Roseira, distante cerca de 20 quilômetros do perímetro urbano da cidade. Um idoso identificado apenas como Francisco teria sido enrolado em uma rede e enterrado há 3 meses em um terreno por seus familiares.
De acordo com a denúncia, a suposta família estaria ainda recebendo o dinheiro da aposentadoria do idoso e também seriam responsáveis por uma série de assaltos na região. Com exclusividade, o Meionorte.com esteve no local, que é de difícil acesso, e acompanhou o trabalho dos investigadores, que constataram a cova.
Um dos denunciantes é Francisco Ibiapina, proprietário de um dos terrenos. Ele afirma que chegou a ser ameaçado de morte caso acionasse a polícia.
“A gente começou a ouvir conversas que tinha esse senhor que tinha morrido e teria sido enterrado lá dentro de loteamento. Começou a circular fotos na internet e como somos proprietários, fui procurar saber e a gente se deparou realmente com a sepultura lá no mato próximo à casa que eles moravam. A gente ficou sabendo que eles se mudaram por conta do mau cheiro que eles não estavam aguentando, que esse senhor já estava em decomposição, enterraram muito raso e que eles teriam se mudado, fugindo da catinga. Tinha sepultura, cruz e tudo e a gente entrou em contato com o proprietário do loteamento e de imediato ele fez o levantamento e tomou as providências. Ele foi até a delegacia e o delegado pediu que ele fosse até lá para verificar. Fomos até lá e chegando fomos recebidos por um neto do senhor que se encontra enterrado e lá ele foi agressivo e constatou que lá o avó dele realmente foi enterrado lá mas não existe nada, não foi feito velório, não foi feito atestado de óbito, documento nenhum e foi simplesmente enterrado lá”, relatou Francisco Ibiapina.
A reportagem conversou também com o responsável por localizar a cova onde supostamente estaria o corpo do idoso. Preferindo preservar sua identidade, o homem relatou como descobriu a cova e que também já foi ameaçado várias vezes.
“Eu não sabia disso aqui, eu vim dar fé disso aqui antes de ontem. Eu tava bem ali e o cachorro latiu aqui. Eu vim e cheguei e o cachorro tava cavando. ‘Será se foi alguma criação que enterraram? Não sei. Eu cheguei em casa disse para a mulher: ‘Mulher, tem um negócio enterrado ali’. Eu achei a terra muito pouca, tava bem baixinho. Eu via ele bem aí e não andava nas casas dele não porque eles ameaçam a gente. Esse caba [sic] novo mesmo ele já foi lá em casa no dia que eu falei que minhas ovelhas estão desaparecendo e não sei para onde elas estão indo. Aí ele disse: ‘Tu quer achar que é nós’ e foi lá em casa com uma faca e jogou um quadro de bicicleta em mim e puxou uma faca ainda. Eu corri”, disse.
s policiais civis foram até a casa dos acusados e no local só estavam adolescentes e um bebê. Na ocasião, uma espingarda foi apreendida. Segundo o delegado regional Filipe Bonavides, os familiares serão intimados para prestar esclarecimentos da morte do idoso.
“Assim que nós tivemos o conhecimento da existência dessa cova, nós deslocamos uma equipe até o local e quando nossos investigadores chegaram e não tinham pessoas da família. A gente não sabe se eles fugiram ou se estavam em uma outra cidade, mas enfim. Isso vai ser investigando com a família acerca da morte desta pessoa para saber se há um atestado de óbito ou algo do tipo, para a partir daí, eventualmente, fazer um procedimento de exumação caso haja indícios de uma morte violenta suspeita. Em caso de morte suspeita seria acionado o IML e o cadáver seria deslocado até Teresina onde é feito a exumação e os laudos referentes do caso. Infelizmente a gente sabe que é uma prática muito comum, principalmente em zona rural que as pessoas enterram parentes de forma clandestina, de forma não oficial, e isso acaba gerando uma necessidade de investigar cada caso para evitar uma morte que eventualmente tenha acontecido no contexto de um homicídio, doloso ou culposo, seja encoberta por causa desse tipo de prática. Nós não recomendamos essa prática, não sei é o caso, mas pode estar servindo para que as pessoas utilizem disso para ocultar certos crimes. Então cada caso, cada morte ela precisa ser esclarecida, investigada e formalizada diante das autoridades competentes”, finaliza o delegado.
Fonte: MN