A disputa judicial entre os estados do Ceará e Piauí por terras, alvo de processo no Supremo Tribunal Federal, não só envolveu os governantes, mas os próprios munícipes.
Pelo menos 25 mil pessoas poderão passar a ser piauienses, caso a decisão do STF seja favorável ao Piauí. Os municípios cearenses que podem ter áreas transferidas ao Piauí são: Carnaubal, Crateús, Croatá, Guaraciaba do Norte, Granja, Ibiapina, Ipueiras, Ipaporanga, Poranga, São Benedito, Tianguá, Ubajara e Viçosa do Ceará.
O assunto gerou discussão nas redes sociais. Diversos perfis, tanto do Ceará quanto do Piauí questionam a situação. “O Piauí tá [sic] muito é gaiatim [sic]. Devolva a Parnaíba pro [sic] Ceará então”, disse um internauta, se referindo ao acordo firmado em 1880, no qual o Ceará teria cedido ao Piauí parte do seu litoral para exportação de algodão.
“Isso é coisa do Windesson [sic] Nunes, o Elon Musk do Piauí, o Putin da Parnaíba”, ironizou outro.
Os cearenses defendem que os territórios continuem pertencendo ao estado vizinho ao Piauí. “Já comprei minha baladeira. Só vir PI”, escreveu um internauta. “Estou pronto para servir o Ceará na guerra”, informou outro.
Outros assumem um tom mais pacífico. “O certo seria perguntar ao povo destas cidades se eles querem fazer parte do Piauí”, destacou um internauta. “Quem tem que decidir é o povo”, disse outro.
Entenda o caso
O imbróglio envolve uma área de aproximadamente 3 mil km², ou seja, 1,9% do território cearense, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). A expectativa é que a disputa seja definida ainda este ano; a relatora da ação é a ministra Carmen Lúcia, que solicitou perícia na região. O perito foi nomeado no mês passado.
Governadora do Ceará se reúne com ministra
A governadora do Ceará Izolda Cela (PDT) participou, na terça-feira (10), de uma audiência com a ministra Cármen Lúcia do Supremo Tribunal Federal (STF) para tratar sobre o assunto. Em entrevista concedida após a reunião, Izolda Cela esclareceu que a ministra não tomou nenhuma posição acerca do assunto, pois isso depende de um rito a ser seguido no STF com a presença das duas partes envolvidas.
Ela também citou sobre possíveis prejuízos que o Ceará pode sofrer caso perca parte do seu território. “O prejuízo seria de diversas ordens, muito especialmente naquilo que toca as pessoas, no seu pertencimento, nas suas raízes, realmente é algo para nós considerarmos toda essa ordem, mas nós temos também a posição de confiarmos no bom senso”, comenta. Fonte: MN