O médico anestesista Leopoldo Felippe, 30, foi preso em flagrante após espancar e matar um filhote de cachorro da raça Spitz Alemão, em Cascavel, na região oeste do Paraná. Ele está preso na cadeia pública da cidade, após ser autuado pelo crime de maus-tratos, cometido na última segunda-feira (10).
O caso ocorreu no prédio em que o tutor mora, no bairro Cancelli. Vizinhos ouviram os fortes gritos do animal, começaram a filmar a agressão e acionaram a polícia. Leopoldo chegou a levar o cão até uma clínica veterinária, que fica perto do apartamento, mas Capitu, uma cadela de apenas seis meses, não resistiu e morreu.
Nas imagens, é possível ouvir os ganidos do filhote enquanto o autor o recrimina, assim como sons de repetidas pancadas — uma vizinha chega a grita "Meu Deus, vai matar o cachorro!", mas fica sem resposta. Minutos depois, o anestesista aparece, em um elevador, abraçando o animal desfalecido em imagens do circuito interno do condomínio — é possível ver que o suspeito que ele tenta, sem sucesso, reanimar o filhote, então, deixa o local em busca de ajuda profissional de um veterinário, por volta das 21h15.
Um laudo parcial de necropsia feito na cadela Capitu apontou que o animal sofreu hemorragia intracraniana severa por traumatismo cranioencefálico. O documento foi divulgado nesta tarde e será usado no processo.
O chefe da delegacia do Meio Ambiente do Paraná, delegado Matheus Laiola, diz que o agressor nem imaginava que estava sendo filmado.
"Ele falou para a Polícia Militar que o cão tinha feito xixi no lugar errado. Durante o interrogatório, negou que teria agredido o filhote e teria dito que ele teve um mal súbito. Mas as imagens são bem fortes e comprovam o crime de maus tratos. Por isso, a gente sempre reforça a importância de sempre denunciar", afirma Laiola. Em depoimento, o suspeito associou os barulhos de pancadas a chineladas no chão, usadas para educar o filhote.
O advogado que defende o médico, Ricardo Augusto Bantle, disse que só vai se manifestar sobre o caso após o cliente ser ouvido por um juiz. Ainda hoje será realizada uma audiência de custódia para decidir se Leopoldo vai responder ao processo em liberdade ou vai continuar preso.
"A pena para esse tipo de crime é de até cinco anos. A fiança não pode ser arbitrada pelo delegado, no momento do flagrante, mas o juiz pode arbitrar. É o que será decidido hoje", afirma Laiola.
Após o crime, a ONG Sou Amigo conseguiu a guarda provisória de um outro cão do homem, Bento. A ordem de busca e apreensão, com guarda provisória, foi cumprida no fim da manhã de hoje.
"Se esse segundo animal for mantido com ele, temos o risco de inserir esse possível agressor em uma nova prática criminosa. Caso ele seja condenado, perde por definitivo a guarda desse animal. É fundamental que as pessoas não tenham receio em denunciar. A denúncia pode ser anônima. Eles não têm como pedir socorro e, infelizmente, casos como esses acontecem", ressalta a advogada da ONG, Evelyne Paludo.