Logo após as extensivas ações em todo o país em razão do Setembro Amarelo, em um programa popular de TV, um dos participantes colocou em dúvida a depressão de outra participante, questionando, de forma debochada, que ela “come comprimido” e usa “remédios pesados”.
Segundo o dr. Kalil Duailibi, psiquiatra especialista em farmacologia e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro, “infelizmente, ainda é muito comum que as pessoas desdenhem das doenças mentais. Como não são doenças que possam ser reveladas por um raio-x, uma ressonância, ainda há um entendimento que diz que sair de uma depressão é uma questão de vontade da pessoa e isso não é verdade. Pessoas com depressão precisam de tratamento médico”.
O professor ressalta que esse tipo de preconceito é extremamente nocivo e faz com que as pessoas com depressão adiem o início de um tratamento ou mesmo abandonem um que esteja em curso. De acordo com uma pesquisa recente do Datafolha, 4 em cada 10 brasileiros relataram sintomas de depressão durante a pandemia. Do total de entrevistados, 28% apontaram que tiveram diagnóstico de depressão ou outra doença relacionada à saúde mental durante a pandemia de Covid-19, enquanto 46% afirmaram que algum familiar ou amigos próximos tiveram depressão nesse período. 