Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) analisados pelo pesquisador Emídio Matos, da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostram que idosos acima de 70 anos ainda são as principais vítimas da Covid-19 apesar do início da vacinação. Só no mês passado, foram contabilizados 64 óbitos desse público, segundo o professor.
Em entrevista concedida nesta quarta-feira (13) ao Jornal O Dia News, Matos explicou que a partir de abril deste ano houve uma queda acentuada no número de óbitos entre idosos de 70 a 79 anos –que na época chegou a quantidade de 300 – por causa do início da vacinação. Agora, apesar da imunização – que reduziu o percentual de mortes – os idosos dessa faixa etária voltaram a ser maioria.
“Com o atual quadro, de menos morte, os idosos acima de 70 anos voltam a ser maioria desses óbitos. Precisamente, em setembro, tivemos 64 óbitos. Entre os idosos acima de 80 anos, eles representaram 35% dessas mortes”, disse.
Ainda segundo o professor, isso vem acontecendo por dois motivos: a perda de taxa da eficácia da vacina além da imunossenescência dos idosos, que é basicamente a defesa imunológica contra agentes infeciosos.
“Sobre a perda da taxa de eficácia das vacinas, os estudos já mostram e frisam a necessidade de doses de reforço associada a imunossenescência dos idosos. O que é isso? Os idosos na medida que vão envelhecendo, eles vão perdendo a capacidade de resposta de defesa para responder a agentes infeciosos, inclusive em relação à Covid-19. A gente soma as duas coisas: a perda de eficácia e aquilo que é próprio do idoso”, explica.
O professor comenta ainda um estudo divulgado recentemente à nível nacional. “As internações entre os meses de julho a setembro – 74% eram de pessoas que não tinham completado o ciclo vacinal. Desse total, 46% não tinha tomado nenhuma dose. Então, mais uma vez, a gente chama atenção da população: é preciso completar o ciclo vacinal, é preciso se vacinar, ir ao posto, e sobretudo nessa população acima de 70 anos. Fazemos um pedido especial às famílias, que levem os idosos para se vacinar, pois existem muitos com dificuldades de locomoção”, enfatiza.
No Piauí, mais de 146 mil pessoas não voltaram para completar o esquema vacinal. Emídio comenta sobre o cenário e revela possíveis motivos do não retorno da população aos postos de saúde.
“A gente lembra que o brasileiro sempre se vacinou – sem questionar o país o de origem desse imunizante – que é responsável pela principal redução de óbitos que estamos vendo no Piauí, por exemplo. Não tem uma explicação objetiva por que uma parcela tão grande da população não retornou. Talvez, seja pelo fato da maioria das vacinas no Brasil seja de dose única. A maioria das vacinas contra a Covid são de duas doses e só tem efeito de imunização com a aplicação das duas”, finaliza.
Fonte: O Dia