Governadores de 25 estados decidiram propor nesta segunda-feira (23) ao presidente Jair Bolsonaro e outros chefes de Poderes uma espécie de reunião de pacificação e de normalização institucional do País.
Reunidos em Brasília, governadores anunciam a criação de um pacto em defesa da democracia, que deve contar também com a participação de outros entes políticos e setores da sociedade civil. A medida é adotada como forma de resposta à atual crise entre os poderes da república, principalmente a existente entre o governo Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF). Além de conversar com Bolsonaro, os governadores querem dialogar com os presidentes da Câmara, Senado e do STF.
O governador Wellington Dias (PT), um dos articuladores do encontro desta segunda-feira (23), explicou que a ideia é criar um ambiente para pacificar o país.
"O Brasil precisa, realmente, de criamos um ambiente de diálogo, um ambiente que possamos ter a segurança para atração de investimentos, nesse desafio de gerar emprego e renda. Nada melhor do que um diálogo, respeitando as posições, a democracia depende disso. A ideia é que possamos retomar um pacto em defesa da democracia. Para que possamos ter um respeito a todas as pessoas, a todas as posições políticas, mas que a gente possa ter esse compromisso, de um lado com a democracia, o respeito à constituição, e também às instituições", disse.
Wellington Dias ainda defendeu que a pacificação entre os poderes deve ajudar o país a fortalecer o combate à covid-19 e a vacinação contra a doença. "De um lado, dar aqui uma condição de serenidade na política e do outro lado a gente colocar na prioridade esse pacto pela vida, com essa preocupação também com o social e com o econômico. A ideia é combinar, através do Fórum dos Governadores, a abertura desse diálogo", destacou.
O encontro também foi marcado por reações aos ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro e por membros do governo federal aos governadores. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara(PSB), chegou falar em "ataques covardes" ao defender que os chefes dos executivos estaduais reajam à postura de Bolsonaro. "Todos nós, de alguma forma, fomos agredidos de maneira, muitas vezes covarde, sem nenhum tipo de cerimômia aos cargos que nós ocupamos.Nós que temos tanto cuidado de falar, somos diariamente agredidos das formas mais inadequadas possiveis. Acho muito importante termos também a capacidade de falar, falar quando é necessário", disse.
O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), que também articulou o encontro desta segunda-feira reagiu mais uma vez às declarações do presidente Jair Bolsonaro(sem partido) e os ataques feitos por ele a membros do Supremo Tribunal Federal. "O nosso dever é defender a democracia e não silenciar diante das ameaças que estamos recebendo diariamente", disse.
A posição também foi endossada pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite(PSDB), que defendeu a união entre os governadores. "O fato exige da nossa parte a união. somos governadores dos estados que compõem essa federação e devemos nos posicionar", disse.
Já o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), afirmou que é preciso diferenciar liberdade de expressão com ações que atentam contra a democracia. "Existe uma distinção muito nítida entre, de um lado, liberdade de expressão e pluralismo político, e de outro lado ameaças à democracia e golpismos", destacou Flávio Dino.