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Natal deve ser marcado por preço alto, busca por pechincha e falta de produtos

O vendedor Jairo de Jesus, de 38 anos, decidiu se arriscar. De máscara, ele está disposto a enfrentar uma aglomeração no supermercado e até a correr o risco de não encontrar algum produto que procura porque pretende deixar para comprar alimentos e parte das bebidas da ceia de Natal no momento mais próximo da data. "Tem sempre aquele precinho da última hora", diz.

A expectativa do vendedor é conseguir alguma promoção num ano de um Natal marcado por inflação em alta, sobretudo dos alimentos, e falta de alguns produtos - de cerveja a eletrodomésticos, ainda em função da recuperação da indústria diante do tombo na produção provocado pela paralisação das atividades por causa da pandemia (ler mais na pág.B3).

Os planos de Jesus para o Natal deste ano são de uma comemoração modesta: só ele, a mulher e o casal de filhos pequenos. Ele pretende gastar com as compras bem menos do que em anos anteriores, quando a festa incluía parentes, amigos e vários presentes. "Este ano, vou concentrar os gastos na comida, nas lembranças para a mulher e filhos, e desembolsar menos."

O vendedor, que faz parte de um grupo privilegiado, pois manteve o emprego e a renda nos últimos meses, não é o único que está cauteloso nos gastos. Ele é um dos 9,3 milhões de brasileiros que pretendem ir às compras na última semana antes do Natal, aponta pesquisa nacional da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com a Offer Wise Pesquisas, obtida com exclusividade pelo Estadão.

A enquete, que consultou cerca de mil pessoas na segunda quinzena de outubro, mostra que a parcela dos que planejam comprar na semana do Natal é praticamente a mesma de 2019, cerca de 10% dos entrevistados. A diferença está no peso do principal motivo para postergar as compras. Neste ano, mais da metade (61,2%) vai usar essa estratégia para encontrar alguma promoção e economizar. Em 2019, eram 47,7%.

Além de deixar as compras para a última hora em busca de pechinchas, a pesquisa mostra que a intenção de gasto médio com alimentos e bebidas no Natal diminuiu 10% este ano, ante 2019. A expectativa de desembolso é de R$ 225.

Gastar menos especialmente com alimentos e bebidas num ano em que a comida foi a vilã da inflação não será nada fácil para o consumidor. Um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que o Natal de 2020 terá a maior inflação dos últimos cinco anos.

Os preços de um grupo de 214 produtos e serviços mais consumidos neste período do ano subiram 9,4% nos 12 meses encerrados em novembro. É mais que o dobro da inflação geral do mesmo período pelo Índice Preços ao Consumidor Amplo, de 4,3%. O cálculo, feito pelo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, considerou os preços que entram na apuração do índice oficial de inflação do IBGE.

Em 2015, a inflação de Natal atingiu 11% e os preços dos alimentos natalinos tinham subido 12,9%. Agora, esses alimentos aumentaram 16% em 12 meses até novembro. Só o peru, um dos ícones da data, ficou 11,21% mais caro no período, segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas).

Dólar

A disparada de preços dos alimentos ocorre em razão dos aumentos das cotações dos grãos, como soja, arroz, milho, por exemplo, impulsionadas pela maior procura interna e externa por comida. A subida do dólar, que baliza os preços dessas commodities, também jogou mais lenha na fogueira das cotações em reais e estimulou as exportações, reduzindo a oferta doméstica.

A alta do câmbio também inflou os preços em reais de outros itens muito procurados no Natal, como os eletrônicos, que levam boa dose de componentes importados. TVs, som e informática ficaram 14,7% mais caros nos últimos 12 meses. Mas os alimentos estão no topo do ranking dos maiores aumentos, seguidos por joias e bijuterias (15%), bicicletas (10,6%), telefones (6,3%), entre outros. Já vestuário e passagens áreas registram deflação

"A armadilha é o preço do alimento", frisa Bentes. Como não há como escapar do consumo de comida, o brasileiro deixa de comprar outros itens.

O assessor econômico da Fecomércio/SP, Altamiro Carvalho, concorda com Bentes. "O cobertor é curto." Na sua opinião, o que deve acontecer no

Natal é o que vem ocorrendo desde o início da pandemia: as pessoas vão abrir mão de outras despesas para dar prioridade à compra de alimentos.

Auxílio e vendas online garantem virada do Natal

Em meados do ano, quando a flexibilização da quarentena permitiu que as lojas físicas de todos os segmentos do comércio voltassem a funcionar, pareceria um delírio prever que este Natal poderia ter crescimento de vendas. Hoje, as projeções vão do empate até uma alta real (acima da inflação) de 3,4% no volume de vendas ante o Natal de 2019, porém com comportamentos distintos entre os vários segmentos.

O auxílio emergencial, que já injetou R$ 293,8 bilhões na atividade, é apontado pelos economistas como a "tábua de salvação" que tem garantido a rápida retomada das vendas. Em outubro, pelo sexto mês seguido, o comércio varejista cresceu sobre o período imediatamente anterior, aponta a Pesquisa Mensal de Comércio, do IBGE, e registrou desempenho 8,3% acima do primeiro bimestre, quando não havia pandemia.

Juros na mínima histórica, facilitação de pagamento pelos lojistas, como alongamento de prazos e até aceitação de cheque pré-datado, no caso de pequenos comércios, além do repasse parcial da alta de preços, têm ajudado nas vendas.

"Dá para comemorar a virada do jogo, mas não dá para comemorar a goleada", afirma o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. A entidade ampliou de 2,2% para 3,4% o crescimento das vendas de Natal para este ano ante 2019.

A expectativa é que o Natal movimente R$ 38,1 bilhões. Se a projeção se confirmar, será o maior crescimento desde 2017, quando a variação havia sido de 3,9% sobre o ano anterior. No ano passado, as vendas do Natal avançaram 2,7%.

Entre os fatores que sustentam a projeção, o economista aponta a própria dinâmica de recuperação que o varejo vem experimentando nos últimos meses e o forte desempenho do comércio online. Embora represente uma parcela pequena das vendas totais do varejo, o e-commerce é tido como uma importante alavanca para esse crescimento. A expectativa da CNC é de um crescimento real de 64% nas vendas do comércio online no Natal.

"O Natal deste ano vai ficar perto do desempenho do ano passado, com destaque para o comércio online", afirma o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo. Na sua avaliação, diante do atual cenário "empatar será um bom resultado".

Poupança. Solimeo reforça que o alongamento dos prazos do crediário, que já chega a 30 meses nas grandes lojas, e juros na mínima histórica devem ajudar nas vendas. No entanto, ele acrescenta outro fator importante: a poupança. "Tem muita gente que ficou sem comprar há muito tempo e tem dinheiro guardado para gastar no Natal."

Embora o auxílio emergencial tenho sido cortado pela metade a partir de setembro, do ponto de vista macroeconômico a poupança compulsória formada pela classe média alta ao longo dos meses compensaria a perda de recursos do auxílio que irrigaria as vendas do Natal, explica Solimeo.

Para Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do Comércio do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, o Natal deste ano será um pouco melhor do que o de 2019 graças ao auxílio emergencial. Mas ele pondera que poderia ser melhor ainda se o dólar não tivesse tão alto e a inflação, tão pressionada pelos alimentos. "No início da pandemia, a gente não achava que teria um Natal positivo", lembra.

Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomércio/SP, projeta aumento de 1% no faturamento do comércio no Estado de São Paulo para a data. "Sem o auxílio emergencial, o desempenho do Natal seria negativo entre 2%e 3%, com a absoluta certeza."

Varejo reclama da falta de cerveja a eletrodoméstico

A falta de vários tipos de produtos no varejo, da cerveja premium a modelos de eletrodomésticos mais vendidos, pode ser um obstáculo ao avanço das vendas neste Natal, além da disparada da inflação.

Com a paralisação que houve no início da pandemia e o fechamento das lojas físicas, muitas indústrias reduziram o ritmo de produção com medo de acumular estoques. Resultado: as cadeias de produção se desorganizaram. Mas com o aumento abrupto do consumo registrado nos últimos meses, muitos fabricantes não conseguiram retomar o ritmo produção anterior para atender às encomendas. Há dificuldade de obter matérias-primas, componentes eletrônicos e, principalmente, embalagens.

Esse problema é nítido na Sondagem do Comércio do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Nos últimos dois meses, quase um quarto das empresas do varejo apontou o tempo de entrega dos fornecedores como um fator limitante à melhora dos negócios. Foi o maior resultado mensal alcançado nesse quesito desde março de 2010. "Em novembro, até houve uma acomodação, mas ainda há muita empresa reclamando da entrega de fornecedores, o que reflete a dificuldade que a indústria enfrenta", diz o coordenador da sondagem, Rodolpho Tobler .

Um segmento que chama atenção é o de móveis e eletrodomésticos, onde a fatia de lojas apontando a entrega de produtos como um problema atingiu 40,5%, em outubro, e 26,5%, em novembro.

Para José Domingos Alves, supervisor-geral da Lojas Cem, terceira maior varejista de móveis e eletrodomésticos do País em faturamento, a falta de mercadorias hoje é um problema maior para as vendas de fim de ano do que a inflação.

"Temos produtos comprados e com a entrega atrasada há mais de um mês", reclama Alves, assinalando que não ter o item disponível na loja significa perder venda. O executivo conta que a situação é generalizada nos eletroeletrônicos, porém é mais crítica na linha branca, que reúne freezers, fornos micro-ondas e fogão, por exemplo.

A perspectiva, diz Alves, é que as entregas se regularizem só no segundo trimestre de 2021. Segundo ele, os fabricantes já sinalizaram novos aumentos de preços para o ano que vem.

Cerveja

Os supermercados também enfrentam dificuldade com a falta de tipos de cervejas, especialmente as da linha premium. Em novembro, a falta do produto beirou 20%, uma marca recorde, segundo a Neogrid, que monitora a cadeia de suprimentos de 40 mil lojas no País.

Fonte: Estadão Conteúdo

Prazo para contestar auxílio emergencial negado encerra dia 26 no site da Dataprev

Trabalhadores informais que tiverem o auxílio emergencial extensão de R$ 300 (R$ 600 para mães solteiras) indeferido por não atenderem aos novos critérios de concessão podem requerer o benefício a partir de hoje (17). Os pedidos podem ser feitos até o dia 26 no site da Dataprev, estatal que processa os requerimentos do auxílio emergencial.

O processo será inteiramente virtual, dispensando a necessidade de ir a uma agência da Caixa Econômica Federal ou a um posto de atendimento do Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).

Ao editar a medida provisória que estendeu o auxílio emergencial por até três parcelas com metade do valor original, o governo endureceu os critérios. Um dos exemplos foi o uso de dados fiscais de 2019, em vez de 2018, para prorrogar o benefício. Quem não se enquadrou nos novos parâmetros teve a extensão negada.

Segundo o Ministério da Cidadania, a pasta promove mensalmente um pente-fino entre os beneficiários do auxílio emergencial para verificar se eles atendem a todos os requisitos definidos pela lei que criou o benefício. Quem não se enquadra em um dos critérios é excluído da lista de beneficiários, mesmo tendo recebido alguma parcela.

De acordo com a pasta, a verificação é necessária para garantir que o público-alvo do auxílio emergencial seja atendido e impedir que pessoas que não precisam do benefício recebam a ajuda. Entre as principais situações verificadas, estão morte, descoberta de irregularidades ou obtenção de emprego formal durante a concessão do auxílio.

Contestações

Acaba amanhã (18) o prazo de contestação para os trabalhadores informais e inscritos no CadÚnico que tiveram o benefício bloqueado, cancelado ou indeferido. Os requerimentos começaram a ser feitos no último dia 9.

O Ministério da Cidadania também reabriu o prazo para quem teve o auxílio cancelado por indícios de irregularidade verificados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ou pela Controladoria-Geral da União (CGU). Os requerimentos podem ser feitos até o dia 20.

A pasta também abriu prazo para que beneficiários do Bolsa Família que tiveram o auxílio emergencial extensão cancelado, bloqueado ou negado possam requerer o benefício. Os pedidos poderão ser feitos a partir de domingo (20) até o dia 29. Todos os processos são exclusivamente feitos na página da Dataprev na internet.


Fonte: Com informações da Agência Brasil

Governo prevê salário mínimo de R$ 1.088 em 2021

O governo elevou para R$ 1.088 a projeção de aumento do salário mínimo no próximo ano. Em agosto, a previsão do Ministério da Economia era que o piso salarial subisse do valor atual (R$ 1.045) para R$ 1.067.

Nesta terça-feira (15), o ministro Paulo Guedes (Economia) atualizou a estimativa, diante do aumento da inflação nos últimos meses.

A revisão na projeção de salário mínimo se deve ao cálculo do reajuste, que considera a inflação, sem previsão de ganho real. Diante de uma alta mais acelerada nos preços, o governo espera que o valor do salário mínimo seja maior do que o anunciado anteriormente.

Em abril, a estimativa era que o piso salarial fosse de R$ 1.079 no próximo ano. Depois, foi revista para R$ 1.067. O governo não prevê reajuste do piso em 2021 acima da inflação, como foi feito em gestões anteriores a Jair Bolsonaro (sem partido).

Para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2021, foi mantida a estimativa mais recente, para o crescimento da economia brasileira, com alta prevista de 3,2%.

A mudança na perspectiva para o salário mínimo foi apresentada em ofício enviado por Guedes ao Congresso, pedindo ajustes no projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2021. Essa proposta deve ser votada nesta quarta (16) em sessão conjunta do Congresso.

O valor exato do novo piso nacional é geralmente decidiu nos últimos dias do ano. Assim, o governo tem um panorama mais claro da inflação em 2020 para, então, reajustar o salário mínimo.
O índice usado para corrigir esse valor é o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). No ano, o INPC acumula alta de 3,93% e, nos últimos 12 meses, de 5,2%, segundo o IBGE.
O governo, ao longo do ano, chegou a projetar que o índice fecharia o ano em 2%.

Portanto, para manter o poder de compra do salário mínimo, a estimativa de correção do piso salarial teve que ser ajustada.

A aceleração da inflação gera efeito nas despesas públicas, elevando os gastos do governo no próximo ano.

Além de corrigir o salário mínimo, o INPC é usado para reajustar o abono salarial e BPC (assistência a idosos carentes e deficientes físicos), e também o impacto em pagamentos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e do seguro-desemprego, por exemplo.

Isso pressiona ainda mais o Orçamento do próximo ano, pois o teto de gastos para 2021 foi reajustado com base na inflação, medida pelo IPCA, acumulada nos últimos 12 meses até junho (2,13%). Portanto, abaixo do comportamento do INPC.

O teto de gastos foi criado em 2016, durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), e impede que as despesas públicas cresçam acima da inflação.

Como o Orçamento de 2021 precisa ser apresentado até o fim agosto, a correção do valor é feita com base no IPCA acumulado até junho, que, nesse ano, somou 2,13% – a taxa mais baixa desde que o limite de despesas começou a vigorar.

Na época, o Ministério da Economia informou que isso não se traduz diretamente em cortes dos programas de governo nas despesas discricionárias (que não são obrigatórias), pois "a menor inflação representará também menor aumento das despesas obrigatórias indexadas"

No entanto, a pasta já estuda, agora, como ajustar o projeto de Orçamento de 2021 para acomodar o aumento das despesas obrigatórias, como aposentadorias e benefícios sociais, e, assim, cortar gastos em outras áreas para não estourar o teto de gastos.


Fonte: Folhapress



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