- Detalhes
-
Categoria: Polícia
-
Publicado: Sexta, 12 Janeiro 2018 09:21
-
Escrito por Redação
Um grupo de turistas ficou à deriva em alto mar na Praia de Macapá por, pelo menos, 3h30min, no litoral piauiense. Dez pessoas estavam em uma banana boat quando uma forte maré derrubou sete tripulantes; os outros três estavam em um barquinho que puxava a Banana e, por isso, não caíram no mar. Das 10 pessoas, nove são da mesma família. Dentre eles, uma criança de sete anos, que estava no barco e foi resgatada.
O acidente ocorreu por volta das 17h do dia 31 de dezembro de 2017. A nutricionista Fernanda Arruda, mãe da criança, lembra os momentos de tensão que viveu ao lado dos familiares e alerta para que um momento de diversão não se torne uma experiência tão traumática. Os que ficaram no barco foram levados para a praia e os demais ficaram à espera do resgate dentro do mar.
“Não ia ser a volta completa, era uma voltinha rápida, mas a maré estava cheia, o mar agitado, as ondas estavam tomando as faixas de areia. A gente acabou caindo da banana. Na primeira queda, só o meu marido não subiu para a banana e, quando estávamos chegando ao banco de areia, caímos novamente, mas dessa vez não conseguimos mais subir. Foram umas 3h30 de espera, à deriva, aguardando o resgate, mas não veio ninguém”, disse Fernanda.
Para salvar as suas vidas, a nutricionista contou que o grupo de cinco pessoas começou a nadar, um segurando o outro, em direção à praia. Foram horas esperando pelo resgate do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar ou até mesmo o rapaz responsável pela Banana, identificado apenas como Gean.
Fernanda informou ainda que Gean alegou que o barco ficou sem combustível e teria retornado a praia para pedir socorro. Além disso, o barco que Gean levou a família para o mar só poderia navegar no rio.
“Quando conseguimos chegar à faixa de areia já era umas 20h30, quase 21h, foi quando avistei uma pessoa de longe caminhando sozinha: era meu marido. Eu jurava que ele tinha ido com o barco, mas só depois descobri que ele ficou esse tempo todo no mar também, só que em outra parte. Ele se jogou no mar para salvar o meu tio, que foi com o meu filho e as outras pessoas no barco. Meu marido conseguiu colocar meu tio no barco, mas devido à maré forte se soltou da Banana e ficou no mar”.
Falta de estrutura
Após se salvarem, Fernanda começou a investigar porque o resgate não veio. Então descobriu que muitas vidas poderiam ser salvas se não tivesse uma grande falha estrutural nos órgãos de segurança.
“Eu esperei por um helicóptero de resgate que nunca veio, pois o que está lá não conta com iluminação e não pode sobrevoar após as 17h30. Esperei pelo Corpo de Bombeiros, mas eles só iam iniciar as buscas às 4h30 da manhã, não tínhamos forças pra esperar tudo isso; soube que os jet-skis do Corpo de Bombeiros estão parados há seis meses; não temos equipes de Salva-Vidas em todas as praias, nem mesmo na época de grande movimentação, como foi no meu caso”, desabafa a nutricionista, que precisou - juntamente com os outros seis membros da família - contar com a própria sorte.
“Foi no dia 31 de dezembro. Foi muito tenso. Ficou um trauma daquele dia, e fica aqui o nosso alerta para as famílias. Todos nós graças a Deus estamos bem. Foi um final feliz. Realmente foi um Ano Novo Vida Nova”, acrescentou a nutricionista.
A família está analisando quais medidas judiciais irá adotar para evitar que outras pessoas passem pelo mesmo trauma. Um Boletim de Ocorrências foi registrado.
Bombeiros alerta
O Corpo de Bombeiros esclareceu que foi acionado, mas as buscas só poderiam ser realizadas nas primeiras horas da manhã. Uma equipe chegou até a ir ao local, mas devido já ter escurecido não foi possível continuar com as buscas. O caso será investigado pela Capitania dos Portos do Piauí.
“Foram tomadas todas as previdências possíveis e a noite não conseguimos fazer buscas em mar aberto. O helicóptero iria sair nos primeiros raios da manhã porque não tinha condições de sair a noite. É proibido sobrevoar a noite porque não tem visibilidade; é um risco para a tripulação”, disse o major Revelino Moura.
O major destaca ainda que as pessoas precisam ser mais responsáveis, tanto quem oferece o serviço de banana boat como quem busca por essa atividade.
“É preciso ter mais responsabilidade. Saber para onde estão indo, se o profissional é legalizado e observar o mar. Já estava escurecendo e o mar agitado, por isso não era pra ter entrado”, alertou o major, destacando que no dia 31 de dezembro havia cerca de 30 salva-vidas espalhados pela praia, mas às 17h já estavam se recolhendo. A orientação é de que as pessoas não entrem no mar nesse horário.
Fonte: Portal Cidade Verde