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Três municípios seguem sem óbitos por covid no Piauí



O Piauí ultrapassou o número de 5 mil mortes em decorrência da Covid-19, número maior que a população de dezenas de munícipios do Estado. Neste um ano e quase dois meses de pandemia provocada pelo novo coronavírus, três cidades piauienses ainda não registraram mortes pela doença. Em todo Brasil, apenas 90 estão sem óbitos, o que equivale 1,6 dos 5.570 municípios brasileiros e todos eles têm menos de 11 mil habitantes. 

Até este fim de semana eram cinco cidades, mas  Tanque do Piauí e Miguel Leão, registraram a primeira morte no sábado e no domingo, respectivamente. Agora, apenas São Luís do Piauí, Massapê do Piauí e Várzea Grande ainda não contabilizaram mortes pelo vírus. 

Especialistas, ouvidos pela Folha de São Paulo, explicam que municípios pequenos têm menor circulação da população. Essa dinâmica social contribui para evitar a propagação do coronavírus.

No entanto, eles dizem que é provável que venham a ocorrer óbitos em todos os municípios, em algum momento, em razão do grave quadro epidemiológico atual e do elevado número de casos no país.

"[Essas cidades] São pequenas, muito isoladas e não tiveram um volume muito significativo de casos e, consequentemente, não tiveram óbitos", diz Diego Xavier, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Miguel Leão é a menor cidade do Piauí e a 11ª do Brasil em termos de habitantes, possui 1.242 de acordo com a estimativo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2020. E até o momento apresentou 107 casos de Covid e registrou uma morte neste domingo, uma mulher de 65 anos. Cerca de 19,5% da população já recebeu a primeira dose da vacina contra o vírus. 

Exemplo de Massapê

Já o maior município, dos cinco sem óbitos, é Massapê do Piauí com 6.449 habitantes e cerca de 200 casos de Covid. A primeira dose já foi aplicada em cerca de 13% dos habitantes. 

A secretária de saúde de Massapê, Maria Lúcia de Carvalho, informou ao Cidadeverde.com que uma série de medidas adotadas pela Prefeitura, com a contribuição da população tem ajudado ao município a se manter sem óbitos. 

Segundo ela, as orientações de distanciamento, uso de máscara, testagem na busca ativa e assistência aos pacientes contaminados, para que os casos não se agravem ajudam nessa estatística. Ela destaca também às medidas de restrições dos decretos estaduais que a gestão adere e a ação da polícia quando há indícios de aglomeração. 

“A população tem contribuído, mas tem hora que não segura e a polícia age. Nós temos dedicado todos os esforços na vacinação e no suporte aos pacientes em tempo hábil, realizando testes nos familiares e isolando quando necessário. Como a cidade é pequena, quando sabe de algum caso, por si só as pessoas tentam se proteger e outro fator que contribui é que não temos entroncamento de rodovias então não temos fluxo de pessoas de fora”, afirma a secretária de saúde, que disse ainda que apenas 30% da população vive na zona urbana, o restante é na zona rural, e por si só já facilita o distanciamento. 

Do grupo de cidades sem mortes no Estado, Várzea Grande foi a que, até agora, apresentou mais casos da doença – 335 positivos. Com 4.386 habitantes, 18,15% já tomaram a primeira dose da vacina.  

Em São Luís foram registrados 102 casos e 11,65% dos 2561 habitantes receberam a primeira dose da vacina. 

Subnotificação dos casos 

Em todo o país, somente 1,6% dos municípios não registrou um óbito. Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Tocantins têm os maiores percentuais de cidades sem mortes. Desde dezembro, no entanto, o coronavírus chegou a todas as 5.570 cidades brasileiras. Cedro do Abaeté, em Minas, foi a última a computar ao menos um caso da doença, notificada pela primeira vez no país em fevereiro de 2020.

Ouvida pela Folha de São Paulo, pós-doutora em epidemiologia e professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), Ethel Maciel, diz que a análise dos dados exige cautela, por enquanto. Segundo ela, óbitos podem ter sido registrados em outra cidade e há risco até de subnotificação nesses locais.

"Vamos saber melhor quando fizermos uma análise sobre o excesso de mortes. Nós analisamos quantas pessoas morreram nos últimos anos e quantos morreram no período da pandemia. Se estiver muito acima da série histórica do período, deve ser considerada morte relacionada à pandemia", afirma Maciel.

Nas cidades ainda sem registros, gestores municipais temem a ocorrência de mortes, principalmente por causa da falta de infraestrutura. Em geral, essas são cidades que dependem da rede de alta complexidade de municípios maiores.

Em Massapê não há hospital, os casos são encaminhados para Jaicós e os mais graves para Picos, onde há hospital regional com Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 



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