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Quarta-feira de Cinzas: com mudanças devido à pandemia, entenda o que é e como surgiu



Nesta quarta-feira, 17, é uma data especial para o calendário católico: a conhecida Quarta-feira de Cinzas antecede a Quaresma e traz o início de um período de resguardo após a folia carnavalesca - mesmo sob um ano de pandemia, em que as tradicionais festas não aconteceram.

"O Carnaval, toda essa constância, não é uma coisa ruim quando feito de forma organizada e responsável. É interessante olhar também que é uma questão cultural", explica o padre Francisco Ivan, pároco da Igreja de Fátima em Fortaleza. Ele considera interessante o contraponto da festa de Carnaval ser "encerrada em cinzas". "A festa faz parte da nossa vida e é interessante quando olhamos e vemos que ela termina em cinzas. Isso serve para diferenciar a questão da Páscoa de Cristo: é a vitória da vida sobre a morte". No catolicismo, o período da Quaresma marca o início da preparação para a Santa Páscoa, que dura 40 dias. Nesse intervalo de dias, há um resguardo sob diversas práticas quaresmais: jejuns e outras restrições alimentares, por exemplo, são tidas para o público como forma de repensarmos o modo em que agirmos, falamos e pensamos.

As medidas relembram a passagem de mesma duração de Jesus pelo deserto. "A festa que vem termina em cinzas, enquanto a festa da Páscoa termina em ressurreição: para mostrar que Deus continua agindo em nós", reforça Ivan.

Na mesma data, há o lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE). Em 2021, o tema é “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema será “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”( Ef 2,14).

O significado das cinzas e o cuidado do resguardo

O uso litúrgico das cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Com várias referências no Antigo Testamento e em outros tempos Depois de Cristo (DC), com o passar do tempo as cinzas foram adotadas como sinal do início do tempo de Quarentena. O período de preparação é de 40 dias, fora os domingos, e segue até a Páscoa da Ressurreição.

As primeiras edições do ritual de preparação já datam do século VII. Na liturgia da circunscrição eclesiástica, as cinzas utilizadas para os presentes nas missas são feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano anterior ao Domingo de Ramos.

A sequência já é conhecida entre os fiéis. O sacerdote abençoa as cinzas e as impõe na frente de cada fiel, traçando o Sinal da Cruz. Em seguida, vêm as frases: "Recorda-te que és pó e em pó te converterás" ou então "Arrepende-te e crede no Evangelho".

A partir de então, inicia-se o período de resguardo. Por 40 dias, os presentes que foram impostos com o Sinal da Cruz devem examinar suas respectivas ações e falas atuais e passadas, como uma forma de lamento pelos pecados cometidos. Para os que acreditam, o cuidado é uma forma de ter uma consciência da efêmera passagem da vida e, assim, tendo a esperança de um futuro pleno no Céu ao começarem uma vida em Cristo.

Em ano de pandemia, entretanto, a celebração será diferente. Segundo protocolos divulgados pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, ao invés da testa dos fiéis - o que requer contato entre as pessoas -, as cinzas cairão sobre a cabeça de cada um dos presentes, em silêncio.

Após a oração de bênção das cinzas e depois de as ter aspergido com água benta "sem dizer nada", o sacerdote dirá de uma só vez para todos a frase "Convertei-vos e acreditai no Evangelho" ou "Lembra-te que és pó da terra e à terra voltarás". O sacerdote então deve higienizar as mãos, colocar a máscara e impor as cinzas a todos os presentes. Tanto os que se aproximam dele ou do que se aproximam do sacerdote. Em seguida, as cinzas cairão nos fiéis.



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